Para iniciar esse post quero pedir para que só siga lendo se você está disposto a desconstruir seus pensamentos. Se está aberta a ver outros pontos de vista, e principalmente, se desprender da dualidade rasa do "réplica é errado/certo",okay? O primeiro ponto que precisamos entender é por qual motivo existem réplicas e a quem elas servem.
Seja na comunidade de moda lolita ou na nossa dita vida normal, a réplica surge como uma forma de adquirir um produto que um ídolo usa, mas que nós não teríamos acesso pelo valor elevado; a réplica foi uma forma que pessoas de renda mais baixa conseguiram de acessar estéticas e se identificarem com pessoas como Riannah, Lady Gaga, Lil Nas X ou Misako Aoki.
"Mas Tay isso é luxo, não é algo essencial como comida". Realmente é luxo, não é essencial como comida. Mas precisamos entender que é do ser humano buscar fazer parte de um grupo, estar inserido nele. Para isso, é necessário fazer certos ritos, e qual faz mais parte da comunidade de moda lolita que adquirir uma peça de marca japonesa como Baby, AP, IW e até minha queridinha Meta? Tanto pela construção da nossa sociedade consumista e capitalista, quanto pela própria comunidade de moda lolita que se apropria muito disso.
As pessoas que consomem dessas marcas são vistas como lolitas melhores, mais descoladas, uma lolita de verdade, ganham mais repercussão e espaço. "Mas Tay, esse pensamento não foi desconstruído principalmente na comunidade Br?", em partes sim, ainda temos algumas que destoam, mas o foco não é esse. Nosso foco é entender o por quê de pessoas comprarem réplicas, principalmente de marcas maiores e que muitas vezes não tem tamanhos inclusivos. A compra desses produtos “piratas” é feita para que se sintam pertencentes a uma comunidade, seja ela nacional ou internacional, e mesmo que o pensamento de "preciso comprar Brand Jp para ser uma lolita de verdade" esteja em desconstrução na comunidade Br, ele ainda é muito forte .
Acima de tudo precisamos entender que a réplica, seja ela na moda lolita ou de Gucci, é uma forma que uma parcela das pessoas usa para burlar um sistema que as exclui, não importando a questão de tamanhos ou financeira. Quem compra réplica não é um ser malvado, um vilão do Mario ou de mangá shoujo, que tem suas ações pensadas para prejudicar o protagonista, marca ou artista .
"Aí Tay, mas desvaloriza o artista dessas marcas". Sendo bem sincera, se formos ver as políticas de emprego do Japão vamos dizer que não é exatamente a réplica que os está desvalorizando. Podemos aqui inclusive entrar na questão de pagamento dos funcionários, de artistas que não são as estrelas da marca, e inclusive da produção do tecido.
É importante pontuar que uma coisa é comprar réplica de uma marca que tem uma grande indústria - sim, as marcas japonesas que são referência no estilo são grandes indústrias; se desprender dessa ideia de que existe uma costureira que com seu pó de Pirlimpimpim fez milhares de novos vestidos da AP é URGENTE. Outra coisa são ateliês realmente pequenos como A Bruxa Madrinha e Annah Hel; essas lojas contam com no máximo 1 ou duas costureiras que ganham, às vezes, um salário mínimo ou menos, sendo que elas acumulam funções.
Quando você replica essas lojas pequenas você está diretamente tirando dinheiro de pessoas que realmente precisam, quando você replica Baby e AP está tirando dinheiro de uma empresa que fez collab com a Disney. "MAS TAY, É OU NÃO É PRA COMPRAR RÉPLICA ?". Primeiro que não estou aqui para dizer o que deve ou não fazer, mas sim pra te fazer refletir sobre. O que posso te dizer é que: sim, você vai ser um escroto se comprar réplica de marcas menores, mas se alguém te julgar ou atacar por ter réplica da AP o escroto vai ser a pessoa.
Achei bem colocado o teu ponto - até porque quem decide se quer usar uma réplica ou não é a pessoa que tá se vestindo, não cabe a nós tomarmos essa decisão por ninguém. Inclusive, atacar / desmerecer / xingar uma pessoa por causa da roupa que ela tá usando é de última, né?
ResponderExcluirMuitas vezes (lá nos idos de 2010) comprar réplica era inclusive o único jeito de conseguir prints lolita, especialmente da Baby e da AP, que não vendiam pro exterior. Foram tempos complicados. Se for parar pra ver, a maior parte das réplicas que circulam na comunidade brasileira (bom, até a época que eu ainda estava no Brasil hahaha) eram peças de 2010-2015, ninguém tá nem replicando as coisas mais atuais. Tem tanta marca independente chinesa fazendo coisas lindas a preços mais em conta, e tanta marca indie brasileira criando estampas também que as réplicas estão aos poucos sendo menos desejadas... Espero que o preconceito caia também!